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Julgamentos alheios

Desde pequena tenho muito medo e preocupação com que os outros vão pensar. Sei que isso não é bom, mas também sei que tem muita gente com esse fantasma assombrando suas escolhas, atitudes e comportamentos.

É muito difícil para mim desagradar os outros ou pensar que podem estar me julgando mal, e esse sentimento pode ser um obstáculo enorme para conseguirmos colocar em prática essa nova forma de nos relacionar com nossos filhos e olhar para a educação deles, pois vai contra muitas crenças que ainda dominam nossos círculos sociais.

Esses dias uma amiga me contou que ficou bastante chateada nessas férias com os olhares, comentários e julgamentos dos avós e tios sobre seu filho. Ela sabia que devido a falta de rotina e de sono ( pois acabam dormindo mais tarde), o aumento dos estímulos todos os dias e o convívio com primos mais velhos, o menino teria bastante dificuldade para seguir as “etiquetas comportamentais” esperadas. Até por que ele tem 4 anos e seu cérebro ainda não consegue controlar e lidar de forma “racional” com seus impulsos, sentimentos, emoções e necessidades fisiológicas ( como a fome e o sono). Diante disso, creio que ela estava preparada para ter mais paciência e empatia para não exigir mais do que a criança pode dar (o que seria até maldade). Acontece que ela não se preparou para lidar com os outros (penso eu). Nesses casos, além de já ir preparada para a reação das outras pessoas, eu enxergo duas possibilidades que me agradam:

1. Deixar os comentários entrarem por um ouvido e sairem pelo outro – algo como “tudo bem… eles não tem esses conhecimentos que temos hoje sobre o desenvolvimento do cérebro da criança”. também não podemos cobrar mais das pessoas do que elas podem dar – empatia para todos os lados.

2. Falar- explicar para essas pessoas o que está acontecendo ou poderá acontecer – e de preferência num momento onde todos estão calmos, receptivos e abertos a conversar. Cabe aqui até pedir o que você quiser pedir: mais paciência, ou que não chamem a criança de birrenta, mal educada ou qualquer outra coisa nesse sentido na sua frente.

E em qualquer caso é importante falar com a criança caso ela tenha ouvido os comentários para não deixar que ela leve nenhum rótulo ou julgamento errôneo sobre si mesma. Os discursos que ouvimos quando criança vão nos impregnando e fazendo com que acreditemos que somos assim. (cabe outro texto sobre isso).

Mais uma vez tenho comigo que as principais dificuldades na educação dos nossos filhos tem a ver com nossa educação. Nossas crenças e dores mais profundas são “cutucadas” nessa relação com os filhos e olhar para elas com carinho e consciência pode nos ajudar a não descontar neles algo que é nosso.

Nessas férias algumas vezes me vi argumentando: ” o que você acha que as pessoas vão pensar deste comportamento?”. Depois que me caía a ficha eu tentava retomar: ” filho, hoje vamos dormir mais cedo pois você está ficando cansado e está sendo muito difícil para você controlar isso, e seu comportamento passa a ser muito incômodo para as outras pessoas que estão dividindo a casa conosco e precisamos pensar nos outros também. Não temos o direito de atrapalhar e sermos ruins com os outros só por que estamos cansados.”

Mas vale reforçar, a responsabilidade de a criança estar cansada é nossa! Não podemos culpá-la. São os adultos que colocam a criança pra dormir e definem o que ela pode ou não fazer, horários, e etc.

Por isso pensemos no preço que nossas escolhas vão trazer para eles, para nós e para os outros e lidemos com ele como adultos: conversando, respirando, trabalhando nossos sentimentos e dificuldades, e não pensando no que os outros vão pensar. Novamente nossa bússola deve ser interna e consciente.

PS. Esse texto é muuuuito pra mim!!!

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